segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

365 Escrever Todo Dia 2º dia Transferindo de lá pra cá... tbt

 

2º dia (22.02.2016)




Embaixo do chuveiro com água morna lembrou que precisava pagar a conta de luz. Ainda não havia chegado o inverno, a temperatura estava quente, mas em são Paulo não tem muito essa de estações do ano.
As contas estavam atrasadas e tomar banho frio não seria uma opção, muito menos ter que jantar a luz de velas – nada romântico, principalmente se estivesse desacompanhada!
Era freelancer – fotografava em troca de alguns reais, às vezes os reais valiam mais, outras vezes nem tanto, com a crise do país a situação dela e de milhares de brasileiros ia de mal a pior!
Tinha cursado quase três semestres de Comunicação Social- Jornalismo, mas sem grana para pagar o curso, trancou a matricula, não iria conseguir voltar, sabia disso...
Optou em adquirir uma câmera fotografia e sair por ai para ver se conseguia algum registro espetacular que lhe rendesse um bom dinheiro – sem pressa, sem pressa, quem sabe amanhã – repetia sempre quando o dia acabava e voltava para casa sem nenhuma imagem significativa no cartão de memória.
Não falava assim por comodismo ou por ser mais fácil. Acreditava que um dia desses ia acabar encontrando a cena certa e aí, tudo seria diferente! Por isso estava sempre com a câmera dentro da bolsa enorme que usava atravessada no peito.
Claro que tinha medo de ser assaltada, ou de levar um tiro a queima roupa, estava cada dia mais complicado viver com essa insegurança. Os jornais mostravam o aumento da criminalidade. Antigamente essas coisas aconteciam nos bairros de periferia, que pareciam ficar bem longe da gente, agora a violência está batendo na nossa porta!
Parece que não é só a justiça que é cega – os bandidos também – dias atrás atiraram numa senhora de quase 90 anos numa cadeira de rodas... sem falar do garotinho de seis anos  no litoral Norte que foi assassinado sabe-se lá porque...
Não era esse tipo de registro que ela procurava!
Hoje por exemplo conseguiria boas imagens no hospital, mas não era o que queria!
Apesar de que as cenas daquelas pessoas fossem dignas de primeira capa, os jornais estavam cheios e cansados de mosquito, vírus, zika e tudo mais a seu respeito...
Algumas semanas atrás tinha ganho uma boa grana registrando filas imensas de um hospital, pacientes nos corredores, chegou até a flagrar um paciente sendo medicado numa praça!
Ah, fala sério... isso não é noticia, é descaso...é falta de vergonha na cara de quem diz nos governar...
Seu momento ia chegar, qualquer hora ia ficar cara a cara com um momento mágico, ela ia esperar por ele!

- chega desse papo garota!

Abriu a cortina do box assustando Jerry que havia se acomodado na tampa do vaso sanitário.

- volta aqui gatinho... estou falando com os meus pensamentos...

Jerry a olhava de longe, mais próximo da porta do quarto – qualquer coisa eu saio correndo – pensava ele, entre uma lambida e uma olhada para a dona que se enxugava sem pressa.

Era uma mulher comum.
Era bonita, mas nada de extraordinário. Era dessas que encontramos na rua o tempo todo.
Aparentava ter uns 25 e poucos anos, na realidade tinha 29.
Tinha os ombros largos, parecia ser robusta, mas não era gorda... era forte...
O que mais chamava a atenção nela eram os olhos - eram olhos marcantes, castanho claro, cor de mel... - talvez ela soubesse disso e por isso os mantinha sempre escondidos atrás de óculos escuros!
Usava um corte de cabelo curto, colocado displicentemente atrás da orelha, ao sorrir surgia uma covinha do lado direito do rosto – também por isso que ela quase nunca sorria.
Pelo menos não era uma mulher de sorriso aberto para qualquer um... agora por exemplo estava todo sorridente tentando convencer Jerry a receber um carinho...
Pelada, com a toalha enrolada na cabeça, deitada de costas atravessada na cama, os dois braços pendurados pra fora tentando em vão chamar o gato...


Ele continuava a observa-la – quem sabe eu ganho um petisco – pensava ele









                                                                                         Notícias: -   Violência
                                                                                                                           Descaso e Crueldade

...os textos vão passar por uma revisão mais rigorosa, o objetivo principal é escrever sem uma preocupação maior de analisar a escrita de imediato... sera feita uma releitura detalhada mais à frente...

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