terça-feira, 5 de abril de 2016

365 Escrever Todo Dia Vaga do pastel Transferindo de lá pra cá... tbt

 

7º dia

Vaga do pastel


Hoje pela manhã fui ao correio despachar mais uma remessa de livros. Precisei dar duas voltas no quarteirão para conseguir uma vaga na calçado do próprio estabelecimento. Para variar, é claro, não foi tão simples assim. Havia um veiculo com o pisca alerta ligado sem ninguém dentro! Não tive duvidas, dei seta e fiquei aguardando o nobre motorista voltar...
Depois de algumas buzinadas, não minhas esclareço, pois não sou dada a fazer confusão – os motoristas que estavam atrás de mim não gostaram muito de ter que esperar – surge um cidadão atravessando a rua, meio que correndo com um pastel na mão...
- calma dona, calma... disse ele num tom de ironia e deboche.
- estou calma senhor, muito calma. Respondi dando pra ele o meu mais simpático dos sorrisos.
Apressadamente ele entra no carro, e do mesmo jeito que entrou saiu novamente. Olhou pra mim abrindo os braços – perdi as chaves e fez um muxoxo com a boca atravessando a rua outra vez e sumindo da minha vista!
Suspirei. Comecei a contar até 10
Coloquei o carro um pouco mais para frente, deixando espaço para os outros carros pudessem passar...
Fui xingada de “velha idiota”...
Contei mais 10 umas duas ou três vezes, e o fulano nada...
De repente pelo retrovisor eu o vejo do outro lado da rua, sentado meio escondido atrás do carrinho do pasteleiro, agora além do pastel, ele tinha na outra mão um copo de garapa! Estava cercado por mais outros três, que riam olhando pra mim...
Parei de contar e comecei a rezar...
Não sei se minhas preces foram ouvidas ou se o rapaz do correio intercedeu via telefone, porque surgiu bem na minha frente o “carinha” do CET...
Tranquilo e educado logo que se aproximou me sorriu dando bom dia.
Retribui sem nada falar apenas balançando a cabeça, afinal não queria o contrariar, mas o meu dia não estava indo nada bem!
- vamos ver o que temos aqui - Disse ele, olhando para dentro do carro através do vidro aberto.
Nesse momento desci do carro e fiquei esperando que ele me perguntasse alguma coisa. Ele nem se deu ao trabalho de me questionar nada, logo retirou o bloquinho do bolso, caneta e começou a anotar a placa do carro infrator.
Como num passe de mágica, o tal motorista surge atravessando a rua correndo, agora sem pastel – ufa! Dona, achei – disse balançando o chaveiro
- bom dia “seu guarda”, já estou saindo... ”ela” contou o que aconteceu? Perdi as...
Ele nem precisou terminar, o agente de trânsito completou a frase como se quisesse facilitar.
- as chaves... A senhora não me disse nada, não precisou... Eu vi o senhor fazendo graça enquanto comia o seu pastel no carrinho do seu João... vi também que suas chaves estavam penduradas o tempo todo no seu cinto...
O homem ficou vermelho, achei até que fosse explodir, ficou sem palavras. Olhou para mim com cara de poucos amigos e eu apenas abri os braços e repeti o mesmo gesto que ele fizera minutos atrás quando supostamente perdeu suas chaves!
- assine aqui senhor, por favor – pediu educadamente o agente – tire seu carro imediatamente daqui antes que eu chame o guincho, essas vagas são exclusivas para usuários do correio e não do carrinho de pastel!
Com a multa enfiada no bolso o homem arrancou com o carro, tomando cuidado para não sair cantando os pneus porque na certa levaria outra multa por mais essa infração.
Agradeci sem dizer nada, apenas sorri.
Finalmente estacionei...


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