domingo, 21 de junho de 2020

Minha Criança Interior... Ferida? Parte 3


E lá fui eu parar no quarto do mesmo apartamento...

Uma das paredes era forrada com folhas de revistas.

Duas camas e minha criança interior deitada enrolada no mesmo cobertor Parayba xadrez verde e marrom, na outra cama a irmã - não tenho a visão dela.

Eu não tenho essa memória visual dela daquela época!

Era noite. A mãe deu boa noite apagou a luz e disse – agora chega de conversa e brincadeiras, amanhã tem aula cedo, então é hora de dormir...

Nem mais um piu!

Pra que?

Minutos de piados no quarto, até que o pai surge na porta do quarto...

Comecei a rir mesmo com os olhos marejados...

Precisei focar na respiração outra vez... respira 1 2 3. Respira 1 2 3...


Provavelmente era madrugada, o apartamento estava em silencio e a única luz vinha de debaixo do Parayba. Sem que ela me notasse entrei embaixo da cabaninha improvisada e lá estava ela com um flashligth lendo os romances de bolso da mãe – Julia, Sabrina e no chão ao lado da cama alguns livros da Agatha Christie...

Não soube determinar o ano que isso acontecia e nem controlar as lagrimas!

Chorei.

Respirar agora não foi minha prioridade.

Não dormi naquela noite. vi as horas passarem pensando na minha pequena criança interior.

Senti pena dela! Tão inocente, são ingênua...

Adorava gatos. Saia catando todos os filhotes que encontrava pela rua quando voltava da escola.  Brincava com os lápis como se fossem pessoas, animais... Comia goiaba trepada na goiabeira, corria atrás dos vagalumes, adorava brincar no balanço que ficava na mangueira da Rua São Luis...

Era tão infantil...

Depois de um suspiro pensei – mas ela é, era uma criança! Tinha que ser ingênua e inocente! Era infantil, claro!

Era uma criança feliz!

Parei de chorar.

Respira.

Dormi.

 

continua...


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